sexta-feira, 17 de junho de 2011

O conto que não se gostaria de contar - Joinville


O conto que não se gostaria de contar

         Havia um reino onde tudo funcionava bem; as pessoas levavam suas vidas normalmente e, de uma maneira ou de outra, todos eram felizes.
         Embora tudo estivesse na sua normalidade, havia um súdito que sempre criticava o rei da época, e, sob o manto de homem bom, se dizia justo e se colocava sempre ao lado dos trabalhadores.
         Então chegou o dia que, não se sabe como (o destino às vezes nos prega peças), este súdito tornou-se rei. No entanto, diferentemente de outrora, este rei, ao invés de defender seu povo, esqueceu de onde viera e tornou-se um crudelíssimo tirano.
         Seus súditos responsáveis pela saúde da população foram desprezados quando pediram seus mínimos direitos e suas reivindicações foram totalmente ignoradas. Do mesmo modo, os súditos que cuidavam da Educação das crianças do lugar, os quais transformavam o deserto e a aridez do analfabetismo em jardins férteis e floridos do aprendizado, quando reivindicaram seus direitos, foram igualmente menosprezados.
         O rei, na expressão mais cruel da tirania e contrário à Saúde e à Educação, abandona seu posto e viaja para outros reinos distantes, totalmente alheio ao sofrimento de seu povo, deixando seus súditos e seu reino abandonados à própria sorte.
         Em suas constantes viagens o rei, possivelmente, nem se lembra mais do discurso que usava antes de ser rei; provavelmente não se lembra mais que se colocava ao lado dos trabalhadores e de suas reivindicações – e que este talvez tenha sido o principal motivo de ter conseguido realizar seu sonho: iludindo seus iguais.
         Este é um conto que preferiria não contar, pois, com certeza, deve assustar crianças que estão sem aulas e doentes que esperam por atendimento; porém, infelizmente, este reino existe: é Joinville. O rei, mestre da tirania do menosprezo, existe e chama-se Carlito Merss; e os seus súditos, escravizados pelo cruel descaso da tirania, existem e costumam ser chamados de servidores públicos municipais...

Mara Rúbia Marques Rodrigues
Advogada

Um comentário:

  1. É lamentável, mas tenho que concordar.
    E cabe a nós mudar tudo isso.

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